domingo, 30 de março de 2014

Reprodução I: A hierarquia

Os peixes palhaços formam unidades sociais compostas, tanto na natureza quanto em aquários coletivos. Dentro de cada grupo há um tamanho baseado na hierarquia de dominância, sendo a fêmea o maior peixe, o macho dominante (reprodutor funcional) o segundo maior e os machos não reprodutivos os menores. Apenas a fêmea e o macho dominante formam um casal, uma vez que quase todas as espécies de peixes palhaços são monogâmicas.
É interessante ressaltar que todos os peixes palhaços iniciam suas vidas como machos porém, dentro de um grupo, o peixe maior e mais dominante se torna a fêmea. Além disso, caso a fêmea de um grupo morra, o macho dominante pode mudar de sexo, tornando-se então a fêmea reprodutora, ao mesmo tempo em que o maior dos outros machos não reprodutivos cresce e se torna o novo reprodutor funcional. Tal processo de mudança do sexo masculino para feminino é conhecido como protandria, e só é possível pois os peixes palhaços são hermafroditas protândricos(eles nascem com a capacidade de desenvolver ambos os sexos, embora os órgãos sexuais masculinos se desenvolvam primeiro).
Vale ressaltar que em um grupo nunca há mudança de sexo de uma fêmea funcional para um macho funcional, caso aja necessidade. Apenas outro macho no grupo que não esteja apto para a reprodução pode se tornar o macho com capacidade para se reproduzir.
A presença do macho dominante acaba retardando o crescimento e a maturação dos outros machos no grupo, que acabam não tendo capacidade de se reproduzir nestas circunstâncias com a fêmea, até porque são repelidos com agressividade pelo macho funcional.


É importante atenção na criação de peixes em grupos. Os membros dominantes, principalmente quando estão em fase de formação de casal,  podem tanto evitar quanto matar os outros peixes  que tenham um tamanho parecido ao deles.

REFERÊNCIAS:
*    PATERSON, S. – Size and Growth Modification in Clownfish. Nature, Vol 424, 10 de julho de 2003. www.nature.com/nature
BUSTON, Peter M,. Size and growth modification in clownfish. Nature 424: 145- 146, 2003.
* G. GOPAKUMAR; RANI MARY GEORGE; S. JASMIN. Breeding and Larval Rearing Of the Clownfish Amphiprion Chrysogaster. Marine Fisheries Information Service. 8-11. 1999.

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Amphiprion ocellaris: o falso peixe palhaço

Numa postagem anterior(ver: O Peixe Palhaço), falamos sobre o Amphiprion ocellaris ser a espécia mais popular entre os peixes palhaços, e também conhecida como "falso percula" ou "falso peixe palhaço". Tal denominação se dá pela semelhança anatômica entre as espécies Amphiprion ocellaris e Amphiprion percula, que apresentam uma coloração bastante semelhante.
Mas afinal, como distingui-los ao compra-los?


A principal característica que diagnostica a diferença na anatomia de ambas as espécies é que o A. ocellaris tem a presença de 11 espinhos dorsais (raramente 10 raios) e 17 raios na nadadeira peitoral, ao passo que a espécie A. percula possui 10 espinhos dorsais (raramente 9 raios) e 16 raios na nadadeira peitoral. A parte anterior das nadadeiras dorsais é também maior no A. ocellaris do que no A. percula.
Também se fala muito que o A. ocellaris não apresenta ou possui um traço preto bastante fino em torno das barras brancas em seu corpo, ao passo que no A. percula estes traços pretos são mais fortes.

Verdadeiro percula X falso percula(retirada de: www.aquaa3.com.br/2012/06/amphiprion-ocellaris-peixe-palhaco.html)



REFERÊNCIAS:
   http://australianmuseum.net.au/Western-Clown-Anemonefish-Amphiprion-ocellaris-Cuvier-1830/
 COLDIRON, Deborah. Clownfish(Underwater World). United Stated. 2008
·       *   http://www.aquaa3.com.br/2012/06/amphiprion-ocellaris-peixe-palhaco.html
*   *        Matéria para Revista Aquamarine nº2, escrito por Alexandre Talarico & Cássio Ramos. Tirada do site www.arydospalhacos.com.br

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O corpo do peixe palhaço

Figura retirada do livro Clownfish, de Deborah Coldiron

Os peixes dos gêneros Amphiprion e Premnas medem de 6 até 16 cm(variando de espécie), sendo portanto peixes bastante pequenos. O peixe palhaço tem duas nadadeiras pélvicas e uma nadadeira longa nas costas(dorsal). O peixe palhaço também tem uma nadadeira de cada lado(nadadeiras peitorais). As nadadeiras trabalham em conjunto para permitir que o peixe palhaço se mova rapidamente e facilmente.
A cabeça é curta e a boca pequena apresenta poucos dentes desenvolvidos.

REFERÊNCIAS:
* COLDIRON, Deborah. Clownfish(Underwater World). United Stated. 2008
* http://www.aquaa3.com.br/2012/06/amphiprion-ocellaris-peixe-palhaco.html
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O peixe palhaço

 O peixe palhaço, também conhecido como anemonefish(peixe de anêmonas) ou nemo, é hoje em dia uma das espécies mais populares no comércio de peixes marinhos ornamentais, o que se deve ao fato de apresentarem vários aspectos favoráveis em seu cultivo, tais como adaptação ao ambiente de aquário, domínio da tecnologia de cultivo e alto valor de mercado. Suas cores vivas e seu jeitinho peculiar de nadar(ondulando a cauda e fazendo movimentos para cima e para baixo com a cabeça, quase sem sair do lugar) chamam atenção de pesquisadores e aquaristas pelo mundo, que se sentem cada vez mais atraídos por suas características únicas. Esse jeitinho encantador do peixe palhaço é tão especial que lhe rendeu até mesmo um filme, o famoso “Procurando Nemo” (Finding Nemo) da Disney Pixar, recurso este que aumentou ainda mais a demanda pela espécie.


 Os peixes palhaço pertencem à família Pomacentridae e a subfamília Amphiprioninae, esta que apresenta características sexuais hermafroditas protândricas, ou seja, as gônadas funcionam primeiramente como masculinas .Existem ao todo 28 espécies de peixes palhaços conhecidas no gênero Amphiprion e mais uma no gênero Premnas, sendo que o Amphiprion ocellaris(conhecido como falso percula ou falso peixe palhaço) – que é por sinal a espécie estudada em nosso experimento – é uma das mais populares.
                              

O peixe palhaço tem como habitat natural as águas tropicais e subtropicais dos Oceanos Índico e Pacífico, principalmente os recifes de corais encontrados em grande parte no sudeste asiático, Austrália e em ilhas ao sul do Japão, mas também ocorrem em menor quantidade no Mar Vermelho. Portanto, percebe-se que esses peixes são tipicamente marinhos, o que se faz necessário à atenção com as características da água em seu cultivo.
Como já citado, o peixe palhaço é também chamado de anemonefish, o que é atribuído à simbiose deles com as anêmonas. Elas fornecem refúgio e proteção para os peixes palhaço, e suas proles e ninhos se beneficiam dessa relação com o consumo de parasitas. Tal convívio benéfico só é possível pois o peixe palhaço possui uma cobertura de muco pelo corpo que o protege dos tentáculos urticantes da anêmona.
Interessante não?


No ambiente de cultivo não há necessidade que ajam anêmonas nos aquários. Os peixes palhaços vivem normalmente sem elas. Outras alternativas(substratos) podem entrar como uma opção para quem deseja oferecer algo aos seus peixinhos. Esse tema será discutido em breve no blog com fotos e considerações nossas. 
Até a próxima!

Referências:
·      *    HOFF, JR.,Frank.H. Pairing Clownfish. FAMA 9/84.1983
·     *     HOFF, F.H. 1996 Conditioning, spawning and rearing of fish with emphasis on marine clownfish. Florida: Aquaculture Consultants. 120p.
·        * ALLEN, Gerald R. The Anemonefishes: Their Classification and Biology, 2nd ed. TFH Publications, Neptune, NJ. 1972.
·        *   VAZZOLER, A. E. A. Biologia da reprodução de peixes teleósteos: teoria e prática. Maringá: Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura, 1996.
·        *  WILKERSON, J.D. Clownfishes. a guide to their captive care, breeding & natural history. Microcosm, Ltd. P.O. Box 550, Charlotte, VT 05445 - 240 pp. 2003.
 * Matéria para Revista Aquamarine nº2, escrito por Alexandre Talarico & Cássio Ramos. Tirada do site www.arydospalhacos.com.br

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sábado, 29 de março de 2014

As ideias do nosso projeto



Após uma análise dos problemas que ainda envolvem o mercado de peixes ornamentais marinhos, optamos por um projeto que pudesse ajudar numa área que tem sido difundida apenas nos últimos anos.
Embora o cultivo de peixes palhaços venha a ser uma atividade considerável aos produtores, em razão da espécie em questão se adaptar facilmente ao cativeiro, o número de criatórios comerciais no Brasil é ainda muito pequeno para atender toda demanda. Este fator está relacionado com a falta de trabalhos científicos sobre a reprodução destes peixes em cativeiro, o que torna a criação pouco difundida no país. Neste contexto, justamente pela facilidade de obtenção, observa-se a constante captura do peixe palhaço de seu meio natural, o que pode acabar ocasionando desequilíbrio na cadeia alimentar e a consequente extinção da espécie.
Avaliando-se este cenário, o projeto se torna importante, pois colaborará na piscicultura ornamental de peixes marinhos através de informações sobre o comportamento reprodutivo em cativeiro, permitindo ao produtor ajudar na redução dos impactos ambientais relacionados ao extrativismo indiscriminado de peixes palhaços através de um manejo adequado.
Temos como principais objetivos analisar os efeitos da associação de diferentes dietas e substratos de desova sobre reprodução da espécie Amphiprion ocellaris. Nosso trabalho será realizado no laboratório do GIA – Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientes da Universidade Federal do Paraná(UFPR) , onde serão observados ao todo 18 casais divididos ao acaso em três grupos (n=6/tratamento), cada qual então submetido por 60 dias consecutivos a uma dieta específica com base em proteínas vegetais e organismos vivos(chamadas de P1,P2 e P3). As dietas serão fornecidas livremente três vezes ao dia para seus respectivos grupos, nos horários de 9:00h, 12:30h e 17:30h. 
Todos os aquários contendo os 18 casais no nosso estudo serão enriquecidos com substratos como cano de PVC (6cm de diâmetro x 5cm de comprimento), azulejo (15x20 cm) e vaso de cerâmica (5cm diâmetro x 7 cm comprimento), buscando assim avaliar a preferência de um  casal por um substrato na desova.
Secundária aos nossos objetivos principais, faremos uma análise comportamental, buscando avaliar a formação dos casais. Avaliaremos a interação social, a interação com substrato, agressividade e consequentes comportamentos de coorte, conforme as referências que estudamos.

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domingo, 23 de março de 2014

Boas vindas


Olá!

Aqui você encontrará conteúdos referentes ao nosso experimento com o peixe palhaço(Amphiprion ocellaris), cujo tema é a influência de diferentes dietas e substratos de desova sobre o comportamento reprodutivo da espécie em questão. Através de imagens, vídeos, informações e também de nossas próprias observações, queremos divulgar como têm sido a nossa experiência nessa área que ainda nos é tão recente, pois acreditamos que a comunicação é um meio poderoso de aproximação com o público.

Portanto, seja bem-vindo e venha viver junto com nós essa experiência única.

Andressa e Juliana